Denise Schmitt Garcia
Seu bebê cresceu! Tudo passou tão rápido e ele já vai para a escola! E agora?
É normal que isso gere um misto de alegria e ansiedade, pois tudo aquilo
que é novo e desconhecido é sempre encarado como um desafio. No
período escolar, o desafio é para a criança, para os pais e para a própria
escola. Mas calma! Todos estarão em adaptação e empenhados para se
conhecerem e se ajudarem mutuamente.
Separei algumas dicas que facilitarão a vivência dessa nova fase, marcada
por descobertas, expectativas e sentimentos inesquecíveis.
1. Não existe idade certa ou melhor para o ingresso na vida escolar.
Algumas crianças começam já no berçário e outras, só após os três
anos de idade. Isso costuma variar conforme a necessidade, os
interesses e o modo de pensar dos pais. Especialistas afirmam que o
ideal é que a criança vá para a escola por volta dos dois anos, pois é
uma idade na qual a convivência com outras crianças passa a ser mais
estimulante, além de ter seu sistema imunológico fortalecido.
No entanto, se você tiver que voltar ao trabalho, estiver grávida de um
outro filho, é um pai ou uma mãe que mora sozinha (o) e não tem com
quem deixar a criança, nada de traumas!
Faça uma pesquisa e escolha um berçário com boas instalações e com
profissionais nos quais você confie. Certamente existirá uma escola em
que você se sentirá acolhida (o). Em alguns casos, é melhor mesmo ir
para uma boa escola do que deixar a criança em casa com alguém sem
formação ou preparação para estimulá-la.
2. Para o pai e a mãe, a adaptação começa já na escolha da escola. Antes
de mais nada, sentir confiança na escola onde o filho irá estudar é
imprescindível para garantir a paz dos pais e a da própria criança. Por
isso, antes da matrícula, procure ver se o método adotado corresponde
às suas expectativas e crenças, se o ambiente agrada, se conseguem
ver e imaginar a criança naquele lugar... mesmo que a escola tenha
sido muito bem recomendada. Vocês precisam se sentir bem
acolhidos!
3. Feita a escolha, a família precisa conhecer os rituais da escola,
frequentar as reuniões que antecedem o início das aulas e abrir um
canal de comunicação com os professores e a coordenação.
4. É importante levar a criança para conhecer a escola antes de iniciarem
as aulas. Mostrem a ela o quarteirão, o caminho até lá, as novidades
que encontrará ao chegar... Assim, vocês diminuem a ansiedade e
antecipam possíveis reações desagradáveis. Visitem calmamente cada
espaço, expliquem o que significa, mostrem o parque, a sala de aula, o
auditório, a quadra de esportes...
Não podemos prever o que a criança imaginou encontrar em seu
primeiro dia de escola, então procurem mostrar tudo! Em cada um
desses lugares, conversem sem pressa, no tempo da criança, e
expliquem como será bom vivenciar todas as oportunidades que ela
poderá experimentar: jogar bola, pintar, desenhar, fazer colagem,
aprender músicas etc. Mas é importante não exagerar na empolgação!
Não falar como se ela estivesse indo para um buffet infantil. Assim não
corremos o risco de ela se frustrar quando as aulas começarem.
5. Organizem juntos o material escolar pessoal, e permita que seu filho
opine e faça algumas escolhas - uniforme, lancheira, copinho... Ele se
sentirá participativo neste processo de iniciação e esse sentimento de
pertencimento é fundamental para enfrentar novos desafios.
6. É muito importante que o pai ou a mãe se programem para ficar na
escola todo o tempo necessário no período de adaptação. Neste início,
todos são estranhos para todos, a criança precisará deste suporte para
ir, aos poucos, adquirindo a confiança necessária para ficar bem
sozinha. É fundamental, porém, não interferir nas atividades e no
ritmo escolar. De preferência, ficar ao lado de fora da sala, aparecer de
vez em quando e ir espaçando esse tempo até sentir que a criança
realmente não sentirá mais a sua ausência. Normalmente as escolas já
têm um ritual pré-definido para lidar com a adaptação de pais e
crianças recém chegadas.
7. O primeiro dia na escola é sempre difícil. Não é à toa que ganhou o
nome de adaptação. Adaptação dos filhos, que chegam a um ambiente
novo, diferente e desconhecido; dos pais, que também sofrem com a
ansiedade e o medo da separação; e da escola que, ao receber uma
nova família, ganha também uma nova história e uma nova
responsabilidade.
8. A partir desse momento, a criança passará algumas horas do dia longe
da família, na companhia de pessoas que até ontem, ela sequer
conhecia, mas que cuidarão muito bem dela. É importante explicar
exatamente o que está acontecendo: que ela vai para a escola, que vai
ter professores, amigos novos, e que você irá busca-la ao final da aula.
Tudo com muita segurança e serenidade. E por favor, não se atrase!
Esteja lá no momento exato da saída!
9. É esperado que seu filho chore por não querer ficar longe de você. Esse
desconforto é normal no início da vida escolar. São raros os casos em
que a criança não demonstra insatisfação e sequer exige a presença
dos responsáveis nos primeiros dias. Você deve saber que este é um
momento de transição na vida dela. Por isso, é importante demonstrar
tranquilidade e confiança em relação à escola, às pessoas, e assim,
transmitir essa tranquilidade que ela tanto precisa.
Se você não se sentir seguro e confiante, talvez seja melhor transferir
essa responsabilidade de acompanhar a adaptação escolar para uma
outra pessoa. Muitas vezes avós, babás, madrinhas e tios podem ser
muito úteis neste processo de separação.
10. Não existe escola perfeita! As escolas sempre vão tentar fazer o
melhor, mas é preciso lembrar que elas são feitas por seres humanos e,
inclusive, para seres humanos diferentes de você. Seja flexível!
11. Ainda com relação ao choro, muitas vezes, a criança chora ao ver o
familiar se afastando, mas, logo depois, para e começa a brincar com as
outras crianças. Há momentos em que é importante ir embora sem
olhar para trás, para evitar que essa situação se arraste por mais
tempo. O desafio da separação faz parte do processo de
amadurecimento, tanto da criança quanto dos responsáveis.
Converse com os professores e coordenadores para decidir como agir
nesses casos. Se preciso, saia de cena, espere um pouco e certifique-se
de que a criança parou de chorar e está brincando antes de você ir
embora. Assim, todos ficarão tranquilos!
12. Uma dica importante: nunca vá embora sem se despedir da criança. Ela
pode se sentir traída e insegura em relação à escola e a você. E sempre
diga que você virá buscá-la. E, importantíssimo: não atrase!
13. Não desista! Muitos adultos se sensibilizam com a resistência do filho
à adaptação escolar e acabam retardando esse momento. O ideal é
que você esteja ao lado dele e converse muito. O que você deve ter em
mente é que está preparando seu filho para conviver em sociedade,
aprendendo a compartilhar, a ter limites, além daquilo que todos
esperam: ler, escrever, contar...
Com segurança, tranquilidade e muito amor pode ter a certeza de que
tudo acabará bem! Sempre queremos o melhor para as nossas crianças!
Bons desafios para vocês!
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